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Biografia Benjamin Sodré


Velho Lobo

Benjamin de Almeida Sodré nasceu em Messejana, Ceará, em 10 de abril de 1892. Era filho de Lauro Nina Sodré e Silva e de Teodora de Almeida Sodré. Seu pai foi político e militar, abolicionista e republicano histórico, constituinte em 1891, governador do Estado do Pará de 1891 a 1897 e de 1917 a 1921 e Senador de 1897 a 1917 e de 1921 a 1930. Ainda criança mudou-se para o Rio de Janeiro, estudou no Colégio Hampi Williams e no Colégio Alfredo Gomes. Depois de terminar seus estudos secundários prestou concurso para admissão na Escola Naval em 1910, sendo aprovado em primeiro lugar dentre 300 candidatos. Como membro da banca examinadora, encontrava-se Ignácio Azevedo Amaral, que depois também seria Presidente da UEB. Na Escola Naval fez parte e foi o “Chefe de Classe” da Turma de Máquinas. Idealizou e fundou a associação Phoenix Naval para congregar todas as turmas de aspirantes da EN. Fez brilhante carreira na Marinha Brasileira, sobrevivendo ao naufrágio do Rebocador Guarani, abalroado à noite quando em exercícios, em 1913, sendo um dos poucos sobreviventes. Chefiou a Comissão Naval Brasileira durante a II Guerra Mundial. Tornou-se almirante em 1954. Botafoguense, foi hábil jogador (meia esquerda, ou inside left como se dizia na época) defendendo as cores de seu clube de coração, sendo campeão carioca em 1910 e 1912 e artilheiro do campeonato carioca de 1912 e 1913. Jogou também pela Seleção Brasileira entre 1910 e 1916, tendo feito o gol da vitória contra o Uruguai por 1 x 0 em 18/07/1916, em Montevideo. Em 1916, é designado para servir em Belém, onde conhece pessoalmente a prima Alzira com quem casaria em 26/08/1918. No ano seguinte, nasceu Lauro, o primogênito, em 25/10/1919. Neste período entre 1916 e 1920, que passou em Belém, Sodré manteve intensa atividade paralela à vida militar. Além de jogar futebol pelo Paissandu Sport Club, presidiu diversos clubes esportivos, inclusive o próprio Paissandu. Seu primeiro contato com o escotismo ocorreu nos tempos de aluno da Escola Naval quando numa parada numa livraria que frequentava na Rua do Ouvidor, encontrou o livro de Baden-Powell ‘Scouting for Boys’ que muito o impressionou e colocou os ensinamentos em prática entre os jovens do departamento infanto-juvenil do Botafogo. Mas foi em Belém, em novembro de 1919 que fundou o primeiro grupo escoteiro do Pará, sediado no Paissandu. Em setembro de 1920 é transferido para o Rio de Janeiro. Após um período servindo como comandante da artilharia no cruzador Rio Grande do Sul, é transferido para a Diretoria de Portos e Costas, onde serviria com os comandantes Vilar e Loretti, intensificando sua atuação no escotismo. Em 1921, começa a escrever a famosa seção de Escotismo para o jornal Tico-Tico, de alcance nacional, com enorme repercussão e apoio de grandes nomes como Coelho Neto, Ruy Barbosa e Olavo Bilac e que muito contribuiu para a divulgação do Movimento Escoteiro no Brasil. Neste mesmo ano, é fundada a Federação Brasileira de Escoteiros do Mar. Em 1922, assume o encargo de organizar a Tropa Escoteira do Botafogo, acreditando que “educar um homem é apenas educar um homem, educar uma criança é criar uma tábua de multiplicação”. Em 23 de novembro, nasceu o terceiro filho, Maria Pérola, que viria a se tornar também grande nome no escotismo. Sodré dedica seus finais de semana ao Escotismo, funda a Escola de Chefes de Mar, usando o Espadarte, embarcação da Inspetoria, para instruir os alunos. Em dezembro de 1923 a família foi residir na Ilha de Paquetá, onde funda, em 1924, o Grupo Escoteiro do Mar de Paquetá. Neste ano, com sua iniciativa, surge a UEB, da qual foi, juntamente com Peixoto Fortuna, dos Escoteiros Católicos, o maior fomentador. É designado para o Minas Gerais, mas, em fevereiro de 1925, volta a servir na Diretoria de Portos e Costas. Neste ano, consegue concluir o Guia do Escoteiro, publicado em setembro com enorme repercussão em todo o país. O livro teve cinco edições e 32 mil exemplares publicados. Sodré foi o primeiro secretário técnico (equivalente a escoteiro-chefe) da UEB, voltando a exercer a função em diversas oportunidades, sendo o Escotista que exerceu esta função por mais tempo em toda a história da UEB. Em 1927, recebeu o primeiro e único “Lobo de Prata” da UEB, a então condecoração máxima, que, pouco depois seria transformada no Tapir de Prata. Sodré é, portanto, o Tapir de Prata número um do Brasil. Em maio de 1937, a Marinha, atendendo pedido de Sodré, entrega a Ilha de Boa Viagem aos Escoteiros para instalação de um campo escola. Aos cuidados de Dona Alzira e suas bandeirantes, fica a igrejinha, com o restabelecimento do culto mensal. Foi presidente do Botafogo no biênio 1940-1941. Entre dezembro de 1943 e março de 1946, chefiou, nos Estados Unidos, a Comissão de Compras da Marinha. Em 1947, Sodré e Alzira fundam o Apostolado N. S. da Boa Viagem com o objetivo de cuidar da igrejinha e manter as missas mensais. Neste mesmo ano, a Ilha recebeu a visita de J. Wilson, Diretor da The Scout Association. Uma grande curiosidade sobre Sodré é que, apesar de todo seu apoio à religiosidade, a admiração a diversos santos da igreja católica, a apoiar decididamente a manutenção da igrejinha de Boa Viagem e de ser o seu sineiro, ele era ateu. Em 1949, assumiu a Capitania dos Portos de Rio Grande. Mais uma vez, aproveitou a oportunidade para apoiar o escotismo local e fundou um Grupo Escoteiro. Pouco depois, assumiu a chefia do 5º Distrito Naval em Florianópolis. Em Floripa, organiza a Associação de Escoteiros de Florianópolis. Em 1950, é promovido a Contra-Almirante. Volta a atuar na Maçonaria. É designado para a ESG, exercendo diversas funções. Apoia a reforma da UEB com a extinção das Federações. Em 1953, é eleito Grão Mestre do Grande Oriente do Brasil. Em 1954, é promovido a Vice-Almirante e nomeado Comandante do 1º Distrito Naval. Em julho de 1954, toma posse temporária no Supremo Tribunal Militar. Em 1956, encerra suas atividades profissionais na Marinha de Guerra. A saída da Marinha não diminui suas atividades. Para que se tenha ideia destas atividades, em 1971, aos 80 anos de idade, Sodré acumulava as presidências da CNEC, CNMC, UEB RJ (antiga Região do Estado do Rio) e Cenáculo, e a vice-presidência da CHA (Casa do Homem de Amanhã); no final deste ano, foi convidado para assumir a presidência do Centro Brasileiro de Civismo e do Conselho Deliberativo da Fundação D. Pedro I, criada pelos novos Estatutos da ADESG. Benjamin Sodré estava “Sempre Alerta para Servir”. Benjamin Sodré, o “Velho Lobo”, Escoteiro Número 1 do Brasil, Tapir de Prata número um, permaneceu ativo e dinâmico até seus últimos dias. Nos primeiros dias de 1982, após longa permanência numa sala de radiologia, exposto à baixa temperatura, contraiu uma pneumonia que o abateu. Apesar da luta, sempre otimista, piorou e faleceu em 1º de fevereiro de 1982. Elaborada por Antonio Boulanger Uchoa Ribeiro com base em informações do livro “A Educação pelo Exemplo – Momentos da Vida de Benjamin Sodré”, de Dora Sodré, Editora EDC, 1ª edição, 1989 e do livro “A União – A História da Chegada do Escotismo ao Brasil e dos 90 Anos da UEB”, Editora Letra Capital, 2014.



Almirante Benjamin Sodré

Benjamin Sodré o Escritor

Grão Mestre do G.'.O.'.B,', 


Benjamin Sodré o Jogador de Futebol




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